O dólar, a inflação, a dívida e os Bancos Centrais

O dólar, a inflação, a dívida e os Bancos Centrais

Antes do início de 2020, os gastos do governo dos Estados Unidos já se encontravam numa situação insustentável.

Agora, depois de mais alguns biliões em empréstimos, para atender à pandemia de coronavirus, e estímulos à economia, a dívida governamental está no nível mais alto de sempre e continua a crescer desmesuradamente.

Para teres uma ideia em números, a dívida dos EUA é de $26 715 233 053 901 à data deste artigo. Podes consultar aqui. Em termos comparativos a dívida de toda a Europa é de $12 653 255 695 243 ou, €10 705 859 797 989!!

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Neste momento é improvável que o governo americano alguma vez consiga pagar toda a dívida. Os rácios da dívida em relação ao PIB são demasiado elevados. Simplesmente não podem realizar o suficiente em impostos para pagar as suas obrigações. Como resultado, eles estão a pedir emprestado cada vez mais dinheiro para pagar o que devem.

Isto é o mesmo que esgotar um monte de cartões de crédito, cada vez pagando o anterior com um novo cartão que acabas de contractar. Simplesmente não tens rendimentos suficientes para pagar as tuas dívidas, por isso, afundas-te cada vez mais numa espiral de dívidas. Eventualmente a tua reputação bancária vai cair e não vais conseguir pedir outro cartão de crédito.

Mas os governos não têm esse problema, porque têm um "Sugar Daddy" com dinheiro ilimitado que lhes permite ir sempre pedindo emprestado! A Reserva Federal, ou Fed, é o Suggar Daddy dos EUA, o Banco Central Europeu, ou BCE, da Europa, etc...

Eles permitem esta infindável divida imprimindo mais dinheiro para financiar os governos. Fazem-no comprando títulos do governo no mercado livre.

Como resultado disto, o balanço do Fed disparou para os valores mais altos de sempre, $7 biliões.

Os bancos centrais podem imprimir dinheiro infinitamente, portanto a "má reputação" bancária não impedem os governos de pedir emprestado. No entanto há um termo usado em economia...

Não há almoços grátis!

Há mais dólares (ou euros) no mundo do que nunca, e os princípios básicos da oferta e da procura dizem-nos que o aumento da oferta de qualquer coisa diminuirá o seu valor. Ou seja, há mais dinheiro a circular mas o seu valor diminui. Isto começa a aparecer no índice DXY (que compara o dólar a outras moedas governamentais)

Começou a cair de forma convincente nas últimas semanas, indicando um dólar mais fraco

Está também a aparecer num aumento no preço do ouro. O dólar está a ficar menos valioso em relação ou ouro.  

Tanto o índice DXY como o valor do ouro indicam um declínio da confiança global no dólar. Este um sinal que devemos prestar muita atenção. Se estas tendências continuarem, vamos certamente começar a experienciar uma inflação do valor dos produtos.

Mas porque não se viu ainda uma dramática subida da inflação?

Embora já se comece a notar uma subida no valor dos bens, essa subida ainda não reflecte a realidade que se avizinha. Uma das razões é que a Velocidade da Moeda (a frequência média na qual uma unidade de moeda é gasta num período específico de tempo) ainda está em mínimos históricos. Quando o dinheiro não está a movimentar-se na economia, amortece a inflação.

Se o aumento do fornecimento de dinheiro é um barril de pólvora, a velocidade da moeda é o fósforo que pode causar a explosão. Por agora, a confiança no dólar, e no euro, é ainda bastante alta mas, o DXY e o valor do ouro mostram uma queda nessa confiança. Se esta tendência continuar, e a Velocidade da Meoda inverter e começar a subir... tem cuidado!

Mas o que pode acontecer? Como podem os governos sair desta trapalhada?

Há duas hipóteses extremas de saída.

Opcão 1: Austeridade

Os bancos centrais podem vender os títulos governamentais por dólares, ou euros, e diminuir o fornecimento da moeda.  Isto faz aumentar exponencialmente as taxas de juro, dizima as bolsas de valores e fortalece a moeda. Os governos teriam de reduzir as despesas e aumentar os impostos. Isto é, como infelizmente sabemos, doloroso e suicídio político. Não é muito provável que aconteça, pelo menos nos EUA.

Opção 2: Inflação

Estamos a tender para este caminho. O presidente da Fed já indicou a intenção de manter a inflação entre os 2% no futuro, por exemplo. Desta forma pode continuar a financiar gastos ilimitados e pode continuar a aumentar a oferta de dólares.

Isto vai inevitavelmente enfraquecer o dólar e levar à inflação dos preços de bens e serviços. Eventualmente, pode levar a uma perda de confiança e possivelmente uma hiperinflação devastadora.

É possível que se tente uma abordagem hibrida em que se vai pela opção 2 na esperança que reavive a economia para depois ir transitando para a opção 1. Segundo a Fed, este seria o plano...

Estamos na maior bolha da dívida da história do mundo, e parece que a era do privilégio de reserva mundial do dólar americano está a chegar ao fim. As moedas de reserva mundial geralmente duram cerca de 100 anos, e estamos a chegar a esse ponto.

Então, como podes proteger-te, à medida que avançamos para um inevitável declínio do dólar?

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