Bitcoin protege os Direitos Humanos pelo Mundo
O Bitcoin conquistou a atenção de alguns dos mais conhecidos bilionários americanos e instituições por todo o mundo estão a começar a tratá-lo como um sério activo financeiro. Mas, a recente subida de preço de bitcoin é apenas uma parte da história.
Quer saibam ou não, quem compra bitcoin está a reforçar uma ferramenta que protege os direitos humanos. Esta relativamente recente forma de dinheiro electrónico é resistente à censura, resitente à captura, sem fronteiras, sem necessidade de permissão, pseudónima, programável e peer-to-peer.
Em Bitcoin, as transacções não passam por nenhum banco ou intermediário financeiro. Elas vão directamente de uma pessoa para outra.
O processamento de pagamento é feito não por uma entidade regulada como a Visa ou a Mastercard mas, por uma rede de software global e descentralizada. O armazenamento, ou aa custódia, não é feita por um banco mas pelos proóprios utilizadores.
A emissão de Bitcoin não é determinada por nenhum Banco Central. O criador da moeda, Satoshi Nakamoto, fê-la de forma a que o limite máximo sejam 21 milhões. Ninguém pode, nunca, imprimir mais!
As transacções Bitcoin não podem ser paradas, e não precisas de revelar os teus dados pessoais, como nome, morada ou número de telefone para participar. Apenas precisas de uma ligação à Internet.
Em 2017, o economista Paul Krugman descreveu o Bitcoin como "...uma qualquer moda tecnológica que ninguém realmente percebe. Não houve ainda nenhuma demonstração de que é realmente útil na condução de transacções económicas. Não há nada que lhe dê valor. "
Krugman vive na bolha protectora de uma democracia liberal e protegido por uma Constituição. A sua moeda nativa é a líder mundial e relativamente estável. É muito fácil para ele abrir uma conta no banco, usar uma aplicação no smartphone para pagar as contas ou de fazer crescer a sua riqueza investindo em imobiliário ou accções na bolsa.
Nem toda a gente tem esse privilégio. Cerca de 4,2 mil milhões de pessoas vivem sob regimes autoritários que usam o dinheiro como ferramenta para vigilância e controlo do Estado. A sua moeda é muitas vezes degradada, e estão, na sua maioria, isoladas do sistema internacional de que Krugman usufrui. Para estes, poupar e transaccionar fora da alçada do Estado não são negócios obscuros. É uma forma de preservarem as suas liberdades.
Na China, se escreveres ou disseres uma palavra errada, o Partido Comunista pode retirar-te os teus serviços financeiros. Esta possibilidade devastadora cria um efeito aterrador a dissidentes e mentes criativas, que são forçados a usar a cada vez mais economia digital centralizada do país.
Em Hong Kong ou na Rússia, patronos que fazem doações a organizações de direitos humanos pode ter as suas contas bancárias suspensas e os fundos serem apreendidos.
Nos últimos meses na Bielorússia e na Nigéria, começaram a aparecer protestos a nível nacional contra a tirania e corrupção. Em ambos, os activistas que angariavam dinheiro para o movimento que suporta a democracia viram as suas contas bancárias suspensas.
Há poucos dias, no último golpe de Estado da Birmânia, os militares fecharam o sistema bancário e desligaram as caixas multibanco.
Para activistas que vivem debaixo da repressáo do Estado, o Bitcoin oferece uma forma de preservarem o seu dinheiro no ciberespaço, ttrancado por criptografia, a salvo da desvalorização, numa rede que nunca foi hackada. Para eles, é dinheiro digital e ouro digital num só!
Em países como Cuba, Nigéria, China, Paquistão, Venezuela, Rússia, Turquia, Argentina, Palestina, Zimbabué e muitos outros, o bitcoin está a ganhar tracção e está a ajudar as pessoas a escapar à tirania e ao colapso das suas moedas nacionais.
Nos últimos meses, activistas bielorrussos usaram bitcoin para desafiar o regime, enviando mais de 3 milhões de dólares de dinheiro imparável directamente para trabalhadores em greve, que depois o convertem localmente em rublos em mercados peer-to-peer para alimentar as suas famílias enquanto protestam contra a ditadura do país.
Em outubro, uma coligação feminista na Nigéria angariou o equivalente a dezenas de milhares de dólares em bitcoin para comprar máscaras de gás e equipamento de protesto, à medida que as contas bancárias de activistas estavam a ser ligadas e desligadas.
Na Rússia, o político da oposição, Alexei Navalny, angariou milhões em bitcoin enquanto Vladimir Putin mantém um controlo apertado sobre o sistema financeiro tradicional. Putin pode fazer muita coisa mas, não pode suspender uma conta Bitcoin.
No Irão, na Palestina e em Cuba, os indivíduos enfrentam sanções ou embargos devido aos erros dos seus governantes corruptos. Bitcoin dá-lhes uma tábua de salvação para obterem rendimentos ou receberem fundos do estrangeiro.
Alguns venezuelanos, depois de terem visto a moeda do seu país evaporar devido à hiperinflação, estão a converter os seus recursos para o formato digital do bitcoin e depois a fugir. Com as suas poupanças asseguradas por uma senha que pode ser armazenada numa pen, telefone ou mesmo memorizada, começaram novas vidas noutros países, tirando partido de uma tecnologia com que os refugiados ao longo da história apenas podiam sonhar.
Os cidadãos das democracias também enfrentam controlos financeiros e um estado de vigilância cada vez maior. Mas aqueles que têm a sorte de viver em sociedades abertas podem votar, processar, protestar e escrever, e esses métodos podem permitir-lhes proteger a sua liberdade financeira e privacidade. Os biliões que vivem sob governos autoritários não têm as mesmas opções.
Ao contrário da democracia, o Bitcoin é universal. Não é preciso um passaporte em particular, cartão bancário ou estatuto de voto para o usar. Nenhum governo pode desligar o teu bitcoin se se sentir ameaçado pelas tuas ideias.
Estamos no meio de uma enorme transformação digital, uma altura em que o dinheiro físico, um dos últimos bastiões da privacidade e liberdade, está a desaparecer. As populações dependem cada vez mais em aplicações facilmente, e altamente, vigiadas como o Apple Pay ou AliPay - e talvez muito em breve, moeda digital dos bancos centrais, CBDC, como o seu meio de pagamento.
Bitcoin oferece uma alternativa ao nosso sistema financeiro cada vez mais centralizado. Dá a qualquer activista ou jornalista uma forma de angariar fundos sem censura, uma forma de poupar, apesar do impacto corrosivo da impressão excessiva de dinheiro, e uma forma de teletransportar valor sem permissão.
Bitcoin não era tão poderoso há cinco anos, antes de ter liquidez global. Mas hoje, correctoras têm surgido em todas as regiões, o volume de negociação diário excede o da Apple e de outras acções populares, e mercados peer-to-peer como o Paxful e LocalBitcoins aumentaram o seu alcance, permitindo aos utilizadores vender bitcoin para moeda local em quase todo o mundo.
Talvez não precises de bitcoin. Talvez não percebas bitcoin. Talvez o Paypal, Venmo ou a tua conta bancária servem-te.
Mas não descartes o Bitcoin como um veículo de especulação financeira. Para milhões de pessoas pelo mundo fora é uma escapatória à tirania - nada menos que dinheiro da liberdade!
Texto orginal de Alex Gladstein para a Reason.